12 de outubro de 2010

Sem título

Ando um bocado cansada: dos egoístas do asfalto que não dão pisca para nada porque cansa muito; dos que estacionam ocupando dois lugares; dos que atiram lixo para o chão desde piriscas a pacotes de cigarro amarrotado, de pastilhas elásticas a lenços de papel; das faltas de pontualidade; dos pais que são piores do que os filhos no incumprimento dos regulamentos; dos que sabem as regras do jogo mas não as cumprem só porque não; de pagar impostos para que outros usufruam de baixas (fraudulentas), licenças de maternidade (de 12 meses), gravidezes de risco (a partir dos 0 meses) e tantas outras aldrabices; de como a miséria de uns serve os propósitos de outros que fazem da solidariedade e da caridade um espectáculo público; de ver premiada a bandalhice, a falta de rigor, de ética e de qualidade; de ver como o parecer continua a superar o ser sem pudor.
Ando cansada de me sentir a remar contra a maré; de sentir que tenho potencialidades que não posso explorar; de me sentir desenquadrada...
Ando tão cansada que não me apetece sair à rua, não me apetecem as conversas de circunstância, não me apetece constatar a minha falta de habilidade para jogar este jogo. Valem-me os momentos preciosos com as minhas alunas para esquecer uma equação que claramente não sei resolver.