20 de agosto de 2013

As certezas dos vinte

Aos 20 tinha uma série de verdades irrefutáveis e certezas absolutas.
Casamento? Jamais que eu seria uma mulher de carreira (seja lá o que isso for) dedicada sem espaço para compromissos eternos. Filhos?! Que absurdo, isso é apenas um egoísmo dos adultos que querem perpetuar a sua semente neste mundo. Namorado? Sim claro, porque não? Desde que mais velho do que eu pelo menos 5 anos e um criativo de preferência. Ah e cada um na sua casa que não haja misturas, independência acima de tudo! Na minha casa só eu, viver em casa dos pais fora de questão, e a minha Golden Retriever Rita (influência do Kieslowsky ou não fosse eu cinéfila então).
Travava batalhas acesas em defesa destes meus ideais, com a família, com os amigos e acreditava verdadeiramente no que dizia.
Na verdade nunca brinquei muito com bonecas no papel Mãe-filha ou professora-aluna nem nunca sonhei com o casamento, nem vestidos de noiva, nunca mesmo. Sempre fui atraída por histórias, filmes ou novelas de mulheres independentes, executivas de sucesso, etc. E por rapazes mais velhos...
Mas tenho de dar o braço a torcer, o amor tudo muda e todas as minhas certezas e verdades foram completamente arrasadas: o marido (pois, casei) é mais novo do que eu (uns míseros 11 meses mas é) e é um matemático por natureza, mais lógico não podia; filhos já cá tenho 3 plantados; o sucesso na carreira é relativo (faço o que gosto mas mal ganho para mandar cantar um cego) e a Golden Retriever Rita nem vê-la.
Se me ressinto? Nem pensar, apenas cresci e aprendi que o que é verdade hoje pode deixar de ser a qualquer momento dependendo da porta que abrimos ou da rua que escolhemos.
A Golden Retriever, Rita, essa parece-me que ainda vou concretizar lá para os 60 quando já estiver sozinha com o meu marido de 59!