Há pessoas que passam a vida a fazer playback e não só a cantar. Pessoas que dizem sempre eu fiz, eu disse, eu pensei, mesmo que os actos, as palavras e as ideias sejam de outrem, mesmo que esse outrem esteja ao lado, sem pudor, sem respeito. É o playback da vida e a vida em playback. Irrita-me, entristece-me. Posso orgulhar-me de ter tido como professores grandes mestres, aqui, na europa, no mundo, à cabeça a Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira , que nem do alto dos seus 85 anos, e nunca tendo tido necessidade de playback, usa a primeira pessoa mas sim o "nós", o "consideramos", o "pensamos" o que não se prende com a autoria legítima e inequívoca das suas obras mas com algo muito mais bonito, com humildade literária, com respeito. Gosto da verdade das acções. Não gosto de playback e desafino quando tenho de desafinar, assumidamente.