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A mostrar mensagens de outubro, 2010

Indignação

É só o título da minha leitura actual. "Indignação" de Philip Roth. Mais uma leitura iniciática para mim, é o primeiro Roth que leio. Gosto. É envolvente mas claro e preciso nas emoções, nos ambientes, na escrita. Apraz-me constatar que ao fim de praticamente 4 anos estou a recuperar gradualmente os meus tempos de leitura. Ler não é algo mensurável, não interessa ler ao quilo mas entristecia-me a falta que sentia de o poder fazer porque sabemos que nunca haverá tempo suficiente para ler tudo o que se desejaria. Jamais voltarei a ler quase um livro por semana (quando não dois) mas limitar-me a um por ano era insuportável. Estou a recuperar e, melhor, a descobrir autores novos também.

Bom fim de semana

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Pior do que as desilusões é a incapacidade de abortar as ilusões antes que pulsem.

Sem complicações

Se falo, ouçam, não só com os ouvidos, mas com os olhos e a cabeça, não me interrompam, não me forcem ao silêncio; se recolho a mim, não me perguntem, adivinhem-me, não me peçam palavras, ouçam os meus silêncios, esperem... Não sou complicada, é uma dicotomia simples.

Dialéctica

Dialética É claro que a vida é boa E a alegria, a única indizível emoção É claro que te acho linda Em ti bendigo o amor das coisas simples É claro que te amo E tenho tudo para ser feliz Mas acontece que eu sou triste... Vinicius de Moraes

Dores de parto

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Olho para ti enquanto me dizes qualquer coisa sobre os cavalos da quinta ou os leões da selva, olho-te e meço-te e vejo-te crescer segundo a segundo. Ao orgulho pelo que és e no que te tornas junta-se um friozinho na barriga, um formigueiro nas mãos, uma leveza estranha nos braços por já não lhes caberes enrolado junto ao meu peito, pelas tuas asas começarem lentamente a sacudir-se, a ganhar espaço, pelas tuas palavras darem voz às tuas ideias e por lutares por elas. E às vezes lês-me o pensamento e abraças-me e dizes "gosto muito de ti" e a custo te liberto do abraço e fico a olhar-te, a medir-te, a ver-te crescer segundo a segundo e a sentir-me tremer, no coração, nas mãos, nos olhos. 

Programa para hoje

CNB - Savalliana

Sem título

Ando um bocado cansada: dos egoístas do asfalto que não dão pisca para nada porque cansa muito; dos que estacionam ocupando dois lugares; dos que atiram lixo para o chão desde piriscas a pacotes de cigarro amarrotado, de pastilhas elásticas a lenços de papel; das faltas de pontualidade; dos pais que são piores do que os filhos no incumprimento dos regulamentos; dos que sabem as regras do jogo mas não as cumprem só porque não; de pagar impostos para que outros usufruam de baixas (fraudulentas), licenças de maternidade (de 12 meses), gravidezes de risco (a partir dos 0 meses) e tantas outras aldrabices; de como a miséria de uns serve os propósitos de outros que fazem da solidariedade e da caridade um espectáculo público; de ver premiada a bandalhice, a falta de rigor, de ética e de qualidade; de ver como o parecer continua a superar o ser sem pudor. Ando cansada de me sentir a remar contra a maré; de sentir que tenho potencialidades que não posso explorar; de me sentir desenquadrada... A

Eclectismos

Tal como em tudo na minha vida também na blogosfera tenho um gosto variado e são vários os blogs que me despertam a atenção, uns porque são muito bem escritos e reflexivos; outros porque são apaixonados por algum tema em particular (fotografia, literatura, etc) e espelham-no de uma forma interessante e inteligente; outros ainda porque me fazem desejar ser dotada para a culinária/doçaria; outros porque me inspiram para a decoração, bricolage e coisas domésticas e outros simplesmente porque são bem humorados. Posto isto, não enquadro este blog em nenhuma categoria uma vez que se fala de tudo e de nada; não ruma em nenhuma direcção específica; não é metódico na sua periodicidade ou na escolha da temática; os posts são espontâneos sem agendamentos nem rascunhos; a escrita e as ideias não são originais ou especialmente inteligentes; o humor também não é o meu forte e do meu trabalho que é a minha paixão e se funde com um hobbie evito escrever sob pena de não "falar" de outra coisa

Experiências

Com quase 4 anos o meu filho nunca tinha ido ao mercado. Com 4 anos eu já lá tinha ido muitas vezes, com a minha avó principalmente mas também com os meus pais. Hoje para ir ao mercado fazemos mais km de carro e temos de pagar estacionamento mas a experiência que oferece e a qualidade do que se traz para casa vale a pena. No sábado de manhã lá fomos, os três e o saco das compras (a minha avó tinha uma ceira eu tenho um saco que se dobra todo, cabe na carteira e tem o mickey estampado a preto e branco). Escusado será dizer que o meu filho adorou. Adorou a simpatia das mulheres das bancas que se metiam com ele, adorou ser ele a colocar as cenouras num saquinho para a vendedora pesar em vez de me ver pegar num saco com cenouras raquíticas e sem sabor e atirar com ele para dentro de um carro de arame, adorou ser ele a pagar (entenda-se ir entregar a moeda à senhora e esperar o troco) e adorou correr as bancas connosco procurando o que mais nos agradava. Porém, tudo é diferente nas minhas l

Atentados urbanísticos

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O antigo Teatro Avenida de Coimbra foi atentatoriamente demolido (talvez em finais dos oitenta, inicio dos noventa porque ainda me recordo bem) para a construção de um centro comercial que nunca foi bonito ou arquitectonicamente interessante, nunca foi muito popular em termos de comércio mas tinha 3 salas de cinema e estava, por isso, sempre cheio até uns 6/7 anos atrás. Agora continua lá, qual impostor, ocupando um espaço que não lhe pertencia, continua feio e sem interesse urbanístico e pior, também ele desértico, sem cinema, salas fechadas, uma desolação. A cidade perdeu a oportunidade de renovar uma belíssima sala de espectáculos clássica, perdeu-se nos meandros dos interesses imobiliários e nada mais se fez. Dolce Vita - cinema; Forum - cinema; um ou outro espaço alternativo de pequenas dimensões e é tudo e é pena. Não há um espaço de espectáculos condigno. O Teatro Académico de Gil Vicente vai cumprindo a sua função mas o palco é exíguo para determinadas apresentações e as

Defeito profissional

Ultimamente faltam-me as palavras e cada divagação/constatação surge ilustrada com imagens.  Às vezes é assim e talvez porque no meu trabalho faça um exercício diário de procurar images que melhor ilustrem a dinâmica de um movimento; a engenharia do corpo e as engrenagens que têm de funcionar e como para obter uma determinada componente técnica; a emoção/sensação por detrás de cada música. Isto é fundamental para o ensino da dança em qualquer idade, com imagens adaptadas a cada faixa etária. Recorrendo a elas consegue-se que algumas coisas que não se vêem, se sintam e passem a ser visualizadas, dominando o abstracto e transformando-o em concreto, em técnica com sabor, com cheiro, com sentimento. Não sei se é a isto que chamam de defeito profissional  mas certo é que muitas vezes e fora do contexto lectivo procuro imagens para ilustrar o meu pensamento e algumas vezes mais do que palavras. E se é defeito profissional tenho muitos outros. Esta é uma dessas fases e por isso este blog de r

Dois pesos, duas medidas

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A mesma coisa pesa de formas diferentes em diferentes estádios de uma vida. (Mercado D. Pedro V - Coimbra, secção hortícola)