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A mostrar mensagens de junho, 2025

Dom Casmurro, página 28

  Não sei porque esperei por esta idade para ler o "Dom Casmurro" de Machado de Assis. Ele ali estava na estante, há anos, mas foi recentemente que começou a chamar-me, e eu a ler outras coisas e ele a chamar-me. De tão insistente, obrigou-me a largar pendente o que tinha em mãos e começá-lo de imediato. Parei logo na página 28 (só o facto de ser nesta página dava para outra conversa, mais simbólica do que objectiva) que termina com esta maravilha :" Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...". Claro que os meus olhos se encheram de lágrimas, era previsível, ou não fosse eu altamente impressionável e permeável às emoções e sensações. Não foi só pela beleza literária ou pela comoção da cena mas também, e principalmente, porque a imagem que o meu cérebro resgatou não foi a visualização do Bentinho e da Capitu de 15 anos junto ao muro, mas sim a de um pátio barulhento e apinhado...

O fim do affair?

 Eu e o café temos uma longa história desde a minha adolescência. Já passámos por várias fases: de vários anos a colocar-lhe um pacote e meio de açúcar; (shame on me) passei a um pacote de açúcar; daí para meio pacote durante muito tempo; depois para duas bolinhas de adoçante; mais tarde para uma bolinha de adoçante e assim  ficámos uma eternidade. Eis que hoje, pela primeira vez, tomei café sem absolutamente nada adicionado. Estou num misto de emoções entre o orgulho pelo meu progresso e o receio de que isto seja o fim de uma relação de longa data...

Misantropia, introversão ou dois lados da mesma moeda?

    Ontem alguém me disse que se sentia um misantropo, identifiquei-me com aquilo, ainda que de forma diferente, e fiquei a pensar no assunto.  Sou socialmente inábil, passo por antipática mas acho que é por ser introvertida, não sei lidar com pessoas, com adultos mais propriamente. Ou converso com quem tenho um assunto concreto ou uma conexão verdadeira, podendo até passar por extrovertida, ou escuto com atenção plena, mas não consigo fazer conversa de circunstância e falar só porque sim.  Gostava de ter essa habilidade, poupava-me o desconforto de me querer impossivelmente tornar invisível ou fugir para casa em tantas ocasiões.  Uma vez um dos meus filhos, com 3 ou 4 anos, disse que não queria ir a uma festa, quando perguntei o porquê respondeu com muita tranquilidade : "porque há lá pessoas e eu não gosto de pessoas", percebi que seja misantropia ou introversão, corre-nos no sangue ou na alma.