A propósito deste post agradeço que me chamem a atenção quando tiver um erro, agradeço mesmo. É que o título esteve mal escrito (preseverança em vez de perseverança como deve ser) até eu dar conta hoje.
Eu e o café temos uma longa história desde a minha adolescência. Já passámos por várias fases: de vários anos a colocar-lhe um pacote e meio de açúcar; (shame on me) passei a um pacote de açúcar; daí para meio pacote durante muito tempo; depois para duas bolinhas de adoçante; mais tarde para uma bolinha de adoçante e assim ficámos uma eternidade. Eis que hoje, pela primeira vez, tomei café sem absolutamente nada adicionado. Estou num misto de emoções entre o orgulho pelo meu progresso e o receio de que isto seja o fim de uma relação de longa data...
Não sei porque esperei por esta idade para ler o "Dom Casmurro" de Machado de Assis. Ele ali estava na estante, há anos, mas foi recentemente que começou a chamar-me, e eu a ler outras coisas e ele a chamar-me. De tão insistente, obrigou-me a largar pendente o que tinha em mãos e começá-lo de imediato. Parei logo na página 28 (só o facto de ser nesta página dava para outra conversa, mais simbólica do que objectiva) que termina com esta maravilha :" Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...". Claro que os meus olhos se encheram de lágrimas, era previsível, ou não fosse eu altamente impressionável e permeável às emoções e sensações. Não foi só pela beleza literária ou pela comoção da cena mas também, e principalmente, porque a imagem que o meu cérebro resgatou não foi a visualização do Bentinho e da Capitu de 15 anos junto ao muro, mas sim a de um pátio barulhento e apinhado...
Férias : - Ir para um local onde a probabilidade de encontrar conhecidos é de 0.02% - Ter 0 preocupações com outfits (meu e dos putos) - Não usar maquilhagem e deixar as sardas do nariz fazerem a sua aparição em paz - Não querer saber das horas para nada - Mandar a dieta às urtigas e comer bolas de Berlim, gelados e afins e lidar com o estrago depois - Ler na praia, ler no rio, ler na esplanada, ler no jardim, ler na piscina - Fotografar e filmar os miúdos como se não houvesse amanhã, só para mim - Não ver tv, (quase) não ver redes sociais - Sair sem telemóvel - Pensar 300 vezes ao dia que devia mudar de vida para algo mais próximo disto, todo o ano, e já, e para sempre. (Não estou preparada para voltar à ditadura da vida real...)