Recolher Obrigatório

Quase 2 anos desde a última vez que por aqui deixei umas linhas. Mas um repouso imposto e obrigatório e um tédio longo que se avizinha permitem-me voltar aqui ao meu confessionário.
Depois de há 12 anos ter jurado que nunca mais faria uma cirurgia, a menos que me levassem amarrada e sedada, eis que fui ao bloco de novo, sim senhora, e de livre vontade. Não pela gravidade da situação mas porque era absolutamente necessária, lá fui, a morrer de medo. É-me aterradora a ideia de perder o controlo das acções sobre o meu corpo, mais ainda com uma anestesia geral e perante o pensamento de que poderia não regressar dela. Acho que deve ser igual com toda a gente, não é falta de confiança na ciência, é ansiedade, é o medo irracional que, suponho, é pior quando temos filhos e não lhes queremos faltar. Achamos que os filhos não vivem sem nós e que temos de estar sempre bem por eles e para eles. Mas, sendo verdadeira, parece-me que temos é medo de partir sem nos despedirmos; de que qualquer coisa seja a última vez que acontece; que aquele sorriso ou aquele beijo seja o último. E este medo todo contido, insuspeito atrás de um "até já". 
Claro que tudo correu bem, estive sempre bem entregue e a impaciência e sensibilidade à flor da pele vieram agora substituir o medo.
Vai ser um duro mês, o único em que posso ter férias e que não vou desfrutar, resigno-me.
Pontos positivos são a leitura (dois livros em 3 dias para já) e o streaming em dia e, claro está, o mimo. Acho que vou finalmente ter tempo para descobrir músicas das quais ao longo do ano só tive algum vislumbre e voltar a passear por este cantinho. Excluídas dos meus planos estão as redes sociais, nesta altura tudo o que menos quero ver é gente a mostrar-se na praia e na piscina, delícias que me estão interditas até ao levantar deste recolher obrigatório.
Deus ou lá o que seja que me dê paciência.

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