Já sabia. Agora confirmei. Muitas mães só amamentam para não sofrer o julgamento da sociedade. Sim, dizer em voz alta que não se amamenta ou que não se pretende amamentar dava direito a ser enterrada na praça pública só com a cabeça de fora e apedrejada por cima caso houvesse entre nós semelhante costume. E isto independentemente dos motivos pois que se os há fúteis (porque há) também os há efetivamente válidos. Fico doente com este radicalismo/fundamentalismo/fanatismo em relação à amamentação. De que é o melhor para o bébé não tenho dúvida, não me falta a informação a respeito, que é o mais económico também sei. Com o que não posso é com a pergunta recorrente do "tens leite?", "dás mama?", com o olhar que recebo quando digo que não e, pior, com o ficarem à espera de uma justificação que não entendo que necessite de dar acerca dos meus motivos. Não suporto a pressão a que estou sujeita para retirar leite com uma bomba (os prematuros até determinada idade gestacion...
Não sei porque esperei por esta idade para ler o "Dom Casmurro" de Machado de Assis. Ele ali estava na estante, há anos, mas foi recentemente que começou a chamar-me, e eu a ler outras coisas e ele a chamar-me. De tão insistente, obrigou-me a largar pendente o que tinha em mãos e começá-lo de imediato. Parei logo na página 28 (só o facto de ser nesta página dava para outra conversa, mais simbólica do que objectiva) que termina com esta maravilha :" Os olhos continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...". Claro que os meus olhos se encheram de lágrimas, era previsível, ou não fosse eu altamente impressionável e permeável às emoções e sensações. Não foi só pela beleza literária ou pela comoção da cena mas também, e principalmente, porque a imagem que o meu cérebro resgatou não foi a visualização do Bentinho e da Capitu de 15 anos junto ao muro, mas sim a de um pátio barulhento e apinhado...
Ouvir o meu filho mais velho, que sempre adorou o ballet, dizer que não quer ir mais às aulas, não porque não goste mas porque quer ser um menino como os outros do colégio (e não ser gozado) parte-me ao meio, faz-me doer as entranhas todas e escalda-me a alma. Lá lhe explico que claro que ele é um menino como todos os outros do colégio, se há meninos que se riem é porque não sabem o que é o ballet, e que simplesmente há meninos que gostam de umas actividades e outros de outras e que TODAS as actividades são para meninas e meninos, é uma questão de gosto. E ele vai, sempre, e volta todo feliz e entusiasmado. E isto deixa-me zangada e revoltada não só como mãe mas como professora de ballet, é como remar contra a maré passem os anos que passem. E deixa-me triste com a sociedade em que vivemos, pobre, paupérrima, ignorante, pouco mais do que analfabeta (os nossos filhos são o espelho da sociedade onde vivem) e apetece-me sair daqui para fora e ir educar os meus filhos para onde a cultur...