Melancólica inveterada (e saudosista ocasional)

Estreei este "De Horas (des)contadas" em Maio de 2010. As redes sociais ainda não dominavam a internet e a blogosfera era o principal veículo de exposição de informação, opinião e devaneios ao alcance de qualquer um. Havia blogues dedicados a temas específicos e alguns bastante mediáticos. Eu, que seguia vários e para quem escrever foi, desde que me lembro, a única forma pela qual me conseguia expressar assertivamente, resolvi criar o meu próprio. Mas não tinha uma temática concreta ou um objectivo definido, desejava somente um espaço onde pudesse expor as minhas reflexões e impressões, coisas mais ou menos banais, conforme os dias ou a direcção do vento e sem expectativas de espécie alguma. 
Hoje revisitei alguns dos posts mais antigos e viajei aqui no espaço e no tempo. Eu era ainda uma mãe de apenas um, tinha 34 anos, fresca, animada e cheia de energia. Este espaço tão meu acabou por significar muito durante muito tempo: foi um porto de abrigo, um local de partilha, um confessionário sem julgamentos nem penitências, onde me dei voz e fui feliz. 4 anos depois o não conseguir fugir de um registo mais cinzento e pessimista durante um longo período fez-me dar por encerrada a minha singela actividade como "blogger", foi o que me fez sentido na altura. Voltei aos velhos diários absolutamente privados manuscritos em cadernos e agendas enquanto a vida seguia entre as obrigações do trabalho, maternidade e família e as poucas distracções do Facebook e Instagram. Quando dei por ela, tinham passado anos, sentia-me dormente como quando o sangue deixa de nos chegar a um pé ou uma mão e temos de os sacudir. Foi durante o primeiro confinamento pandémico que percebi que me tinha deixado ficar algures e que sentia muito a minha falta. E o meu " De Horas..." era tão honesto no reflexo da minha essência que resolvi reanimá-lo, acordá-lo do coma induzido a que foi sujeito. O mesmo aconteceu com a minha paixão pelos livros e o meu ritmo de leitura, a música e outras coisas. Não é a mesma coisa, já ninguém lê blogues, tudo tem que ter imagem, som e velocidade para que suscite atenção mas a minha "old school vibe" leva a melhor, dá-me prazer escrever só porque sim e sem obrigação e nada como uma pausa (forçada ou não) para o voltar a fazer aqui. Está aberto o separador #melancólicainveterada.

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